Distribuição

As baleias francas passam o verão nos pólos onde se alimentam, e migram para águas tropicais mais quentes durante o inverno para acasalamento e procriação. Apesar da maioria dos especialistas considerarem este padrão de migração como regra geral para os misticetos, evidências diretas só foram obtidas através de reavistagens de indivíduos fotoidentificados em áreas de reprodução e alimentação. Na América do Sul a principal concentração reprodutiva ocorre nas águas costeiras da Península Valdés, Argentina, com uma pequena população encontrada no sul do Brasil.

Os registros históricos de ocorrência das baleias francas austrais dão como área principal de ocorrência a faixa entre os 20° e os 64° de latitude Sul,muito embora a recente confirmação de sua ocorrência no Banco dos Abrolhos pelo Projeto Baleia Jubarte, portanto ao Norte de 18° S, indique a possibilidade de seu aparecimento sazonal ainda mais próximo ao Equador do que se reconhece tradicionalmente como a distribuição habitual da espécie. Para as áreas de concentração sazonal reprodutiva e alimentar, vide as notas sobre comportamento.

Nas áreas de reprodução a distribuição das baleias francas é frequentemente relacionada a águas calmas e rasas. A manutenção de determinadas áreas de reprodução parece ocorrer simplesmente por tradição, como um reflexo da história evolutiva dos misticetos, e há preferência por regiões com águas calmas bem como regiões que ofereçam proteção contra predadores como orcas e tubarões.

No Brasil, estudos recentes realizados por pesquisadores do Projeto Baleia Franca indicaram uma maior abundância de baleias em profundidades de até 10 metros (Renault-Braga, 2014) e por enseadas dissipativas (Seyboth, 2013). Pares de mãe-filhote têm preferência por águas rasas para evitar interações de alto custo energético com grupos sociais de baleias francas. Estudos de fotoidentificação de longo prazo realizados em várias áreas de concentração das baleias francas no Hemisfério Sul demonstram haver uma fidelidade às áreas de reprodução. As fêmeas grávidas tendem a retornar à mesma região a cada três anos, em geral no mesmo local ou em áreas adjacentes ao local do primeiro ano de avistagem, para concepção de um novo filhote. Já os adultos não acompanhados por filhotes são reavistados a intervalos variados podendo ser avistados em anos subsequentes, seguindo o mesmo padrão de fidelidade por área.

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